Caiu o primeiro dentinho? Dentistas contam tudo que você precisa saber!
Com auxílio de especialistas, preparamos um guia prático para que pais e responsáveis saibam lidar com a fase na qual os dentes de leite começam a cair.
As primeiras vezes são uma constante na rotina de quem vivencia a parentalidade: a primeira palavra, os primeiros passos, o primeiro dia na escola… Entre esta coleção de novidades estão, também, aquelas que dizem respeito à saúde bucal da criança, principalmente quando ela entra na fase de perder os dentes de leite para que os permanentes comecem a crescer.
Para pais e tutores de primeira viagem, porém, esta fase (assim como as demais) pode representar um pequeno desafio, e contar com informação de especialistas nunca é demais. Por isso mesmo, entrevistamos Stella Faria Dumke, cirurgiã dentista especialista em odontopediatria e ortodontia, e Eduardo Karam Saltori, dentista especializado em odontopediatria e professor do curso de odontologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e trouxemos, a seguir, um guia prático sobre o que fazer quando o primeiro dente da criança cai.
Alerta: o dentinho vai cair!
Os primeiros sinais de que o dente de leite está para cair, diz Stella, são a mobilidade deste dente, além de dor ou desconforto ao mastigar e a presença sutil do dente permanente, que começa a apontar, em alguns casos. “O dente de leite tem raiz, e o tempo que ele levará para cair vai depender de quão rapidamente esta raiz será reabsorvida – isso acontece de acordo com a erupção do dentinho permanente”, completa.
Muitas vezes, opina Eduardo, a criança passa pela fase de troca dos dentes sem apresentar nenhum sintoma aparente, mas um pequeno incômodo também pode surgir. “Geralmente essa sensibilidade é gengival e, quando isso ocorre, as crianças acabam não higienizando adequadamente a região do dente em questão. Isso pode levar a um acúmulo de bactérias e, consequentemente, um aumento do quadro inflamatório – mas nada sério”, reforça.
“Mãe, demora pra nascer um novo?”
Stella explica que, de uma maneira geral, o primeiro dentinho de leite da criança cai por volta dos seis ou sete anos de idade, mas isso pode variar de pessoa para pessoa. Nessa faixa etária, normalmente caem primeiro os dentes da frente, seguidos pelos chamados pré-molares e molares, já em idade mais avançada, que pode chegar até os 13 anos.
Após a queda do dente de leite, acrescenta a profissional, o dente permanente costuma nascer em um período de até 3 meses. Entretanto, em algumas crianças, o tempo entre a queda do de leite e a erupção do dente permanente pode ser maior, o que exige acompanhamento de um odontopediatra.
O que fazer em caso de dor ou alta sensibilidade
Se o incômodo for persistente, resultando em dor ou inflamação, o ideal é marcar uma consulta com um odontopediatra, que irá avaliar o quadro e auxiliar na remoção do dente da criança.
Normalmente não existe a necessidade de uso de medicamentos, mas analgésicos prescritos pelo especialistas, além de fazer movimentos circulares, capazes de ajudar o dente a soltar, também são indicados, caso a criança não tenha medo.
Arrancar ou deixar cair sozinho: eis a questão!
Ambos os profissionais dizem que a escolha sobre arrancar o dente mole ou deixá-lo cair sozinho vai depender muito de cada situação. Talvez, fala Stella, o melhor seja deixar que o dente caia sozinho, mas existem crianças que não conseguem fazê-lo, seja por medo de mexer nele, seja por dificuldades anatômicas como, por exemplo, quando o dente permanente nasce em outra direção, e a raiz do dente de leite não o reabsorve.
“Normalmente podemos deixar o dente cair sozinho, mas caso ele esteja com muita mobilidade é indicada a extração. Isso porque, em casos menos comuns, pode existir o risco de o dente de leite ir parar no sistema respiratório, podendo causar asfixia ou infecções nas vias”, alerta Eduardo ao dizer, ainda, que a extração do dentinho é igualmente indicada quando o odontopediatra avalia ser necessário o controle de espaços na boca para o rompimento dos dentes permanentes.
Como explicar para a criança
Exatamente para que a criança não se assuste quando notar que o dente está mole e vai cair, consultas periódicas com especialistas são mais do que recomendadas. Isso porque, elucida Stella, crianças que já possuem o hábito de frequentar o odontopediatra vão receber, em consultório e de forma lúdica, todas as informações necessárias para enfrentar a troca da dentição sem maiores problemas.
Além disso, complementa ela, pais e demais responsáveis também recebem, nesta fase, todas as informações necessárias para realizar a higiene bucal correta, bem como sobre o desenvolvimento da arcada dentária.
“Quanto mais falarmos sobre tudo o que tem relação com a saúde, maior a chance de sermos saudáveis. Por isso, é sempre importante que as consultas odontológicas sejam realizadas, no mínimo, duas vezes ao ano. Para crianças na faixa dos seis anos, é fundamental, pois diversas alterações fisiológicas também estão acontecendo”, corrobora Eduardo.
Ei, doutor, eu posso guardar o dentinho?
É bastante comum que os pais ou tutores optem por guardar os dentinhos de leite das crianças com carinho. A odontopediatra explica que, além do aspecto afetivo, o ato também podem ser interessantes por outro motivo: usando a técnica da criogenia, é possível armazenar em laboratório para que eles sejam usados na produção de células-tronco, capazes de tratar diversos problemas de saúde futuros. Para isso, porém, os dentes devem ser removidos em consultório e imediatamente encaminhados para o local de armazenamento.
“Na nossa cultura ainda é bastante comum o evento relacionado à chamada fada do dente. Nesses casos, cabe ao cirurgião-dentista limpar adequadamente esses dentinhos, e orientar os pais quanto à maneira e o local onde devem ser guardados. É importante tomar um certo cuidado com possíveis contaminações e/ou infecções cruzadas”, lembra Eduardo.
A fada do dente passou por aqui!
Caso você queira aproveitar o momento da troca da dentição do pequeno para investir na brincadeira da fada do dente, eis aqui algumas ideias criativas:
Plaquinha de porta
Almofada fofa
Saquinho personalizado
Dentinho de crochê
Caixinha com recado
Ué, ainda não caiu…
Por fim, caso a criança chegue à faixa dos seis anos e a transição dos dentes de leite para os permanentes ainda não tenha ocorrido, o melhor a fazer é procurar ajuda profissional para uma avaliação correta e o melhor tratamento.
“Geralmente essa demora pode ter relação com a falta de desenvolvimento ou mau posicionamento da arcada dentária, além de dieta muito processada e líquida, com poucos estímulos mastigatórios. Essa demora pode vir acompanhada por incômodo ao se alimentar e inflamações nas gengivas e, por isso, é necessário levar a criança a um odontopediatra”, conclui.